Nesta última edição do especial com mulheres do mercado da comunicação manauara, o Mercadizar conversou com 8 mulheres que trabalham com produção audiovisual. Elas contaram com exclusividade sobre suas carreiras e desafios da profissão.
Andrea Souza
Andrea Souza Rezende é formada em Filosofia e Administração, em 2008 começou a trabalhar no mercado audiovisual na Sambatango Filmes e hoje é o atendimento, financeiro e administradora da Produtora Tempera Filmes. Atualmente, estuda para ser Produtora Executiva, já fez um curso na Academia Internacional de Cinema, em São Paulo.
“Amo o mercado audiovisual, mesmo sendo tão estressante, gosto do que faço, gosto do ritmo alucinado que temos, aqui em Manaus, o mercado poderia ser melhor.”
Angela Premoli
Formada em Marketing e trabalho no audiovisual há 28 anos. Sua atuação é mais voltada para Produtoras do que para Agências, apesar de já ter trabalhado em grandes Agências como Oana Publicidade, Saga Publicidade, Pretexto Comunicação, entre outras. Entre as produtoras que na época não eram agência, destaco a Jobast Produções onde participou entre outras grandes produções e Campanha Política, do primeiro comercial de Tv rodado em cinema no Amazonas.
Atualmente é Coordenadora de Produção da Plano A Filmes, onde coordena toda a parte de produção, atua como produtora em alguns casos e coordena as ilhas de edição.
“Quando comecei a trabalhar com esse segmento, quase não haviam pessoas dispostas a trabalhar com produção. Hoje já enxergo muita evolução, inclusive na inserção de mulheres em todos os segmentos do audiovisual, não somente na produção. Hoje temos de Assistentes de Câmera a Diretoras de Cena, passando por uma série de funções, antes ocupadas exclusivamente por homens e, que, temos mulheres competentíssimas nessas funções.
Ser uma mulher atuante é exatamente isso. É ver a evolução e o crescimento das mulheres no segmento. É quebrar as barreiras do machismo, derrubar conceitos pré-estabelecidos, mostrar ao mercado que as mulheres podem atuar – e muito bem – em todos os segmentos do audiovisual. É o que vem acontecendo. Isso me deixa muito Feliz! “
Dyne Haacke
Dyne Haacke é técnica de Produção e Direção de Rádio e Tv da Fundação Rede Amazônica e formada também em Publicidade e Propaganda.
“Quem não enfrenta dificuldades apenas por ser mulher? Acho que o pior deles é quando você além de ser mulher, é jovem e tem que lidar com clientes que já vem de uma longa carreira profissional e são homens. Dá pra perceber no olhar deles o quanto eles desacreditam do seu profissionalismo. O importante é não se abalar, falar mais grosso e enfrentar, dominar o que você já sabe e mostrar que você pode sim fazer e muitas vezes fazer até melhor.”
Elen Linth
Formada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense e em Audiovisual pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Elen é roteirista, fotógrafa, diretora do filme “MARIA” e co-fundadora da Eparrêi Filmes.
“O mercado audiovisual e cinematográfico de uma forma geral ainda é bastante masculino, hétero e branco. A conclusão óbvia é que a maioria das narrativas que estão sendo contadas hoje em dia foram escritas por homens – e, por isso, muitas vezes reforçam estereótipos já tão batidos e ultrapassados da figura feminina. Contudo, no Amazonas também se percebe uma força de energia de mulheres nas produções, apesar de ainda sermos poucas em relação aos homens e à outros estados da federação. Ser mulher e atuar no mercado cinematográfico aqui ou em qualquer outra parte do mundo é definitivamente provar todos os dias que somos capazes de exercer as funções que escolhemos e, além disso, bater o pé e afirmar que não iremos tolerar nenhum tipo de machismo, assédio e piadas.”
Liliane Maia
Graduada em Produção Audiovisual, cursou especialização em Cinema e Linguagem Audiovisual e é pós-graduada em Tradução Audiovisual/Audiodescrição pela Universidade do Estado do Ceará (UECE). É conselheira municipal de Cultura e atua há mais de 30 anos na área da comunicação. Jornalista, vem dedicando-se nos últimos oito anos exclusivamente à produção audiovisual, assinando a produção e a direção de documentários e programas de TV e roteiros de audiodescrição, além de fundadora da Dabacuri Projetos e Produções.
“As mulheres ainda são minoria nesse mercado. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), em 2016, 20,3% dos filmes lançados no país foram dirigidos por mulheres, porém metade dessas produções são documentários, o que aponta para uma presença feminina em filmes de menor orçamento. Outro dado: dos dez filmes brasileiros mais vistos nesse mesmo ano, apenas dois contam com mulheres à frente da direção. Em Manaus – ainda bem – estamos caminhando a passos largos pra inverter essa estatística. Além de curtas e séries, logo, logo vão pintar nas telinhas e nas telonas produções dirigidas por mulheres amazonenses.”
Michelle Andrews
Sua formação se deu forma livre e não formal. Fez cursos, vivências em coletivos, participou e fomentou grupos de estudos e praticou em sets de filmagens. É autodidata.
“Entram em contato comigo para indicar mulheres para diversas funções dentro da comunicação, e vejo uma necessidade imensa de mais mulheres se lançando no mercado também, mas eu entendo que esse mercado é predominado por homens que ainda nem vivem nesse século, aí trabalhamos 5 vezes mais sempre. E valorizo muito as mulheres estão disputando os espaços de comunicação e abrindo caminhos para outras mulheres, somos capacitadas, e tudo que acontece com a gente no mercado da comunicação é machista e excludente, somos ignoradas só por sermos mulheres.”
Michelle Marques
Formada em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda na Uninorte, atua na área há 11 anos. Carrega experiência comerciais publicitários, campanhas políticas, produção e coordenação em emissoras de tv. Atualmente é Coordenadora em uma empresa de Publicidade Audiovisual
“Uma mulher pra sobreviver na área audiovisual precisa saber lidar com as pressões do dia a dia, e principalmente, ter sabedoria e pulso para coordenar uma equipe, pois a maioria é formada por homens (cinegrafistas, assistentes, maquinaria, eletricista, motorista, diretor de cena, diretor de fotografia, editores, finalizadores e por ai vai). Hoje nós mulheres já conquistamos espaço na área audiovisual e sou muito feliz quando vejo inclusive as que atuam em profissões até então só para homens, como é o caso de duas cinegrafistas de jornalismo, a Patrícia Mota e a Nívia Salgado. O lance de nós mulheres, é que temos uma garra incomum, que nos faz ter força de vontade e foco pra chegar onde quisermos.”
Rafaella Figueiredo
Publicitária por formação, atua no mercado audiovisual de Manaus há 15 anos. Durante esse período, trabalhou em várias vertentes como: TV, cinema, videoclipe, publicidade, campanhas políticas. Além disso, é formada na Academia Internacional de Cinema – AIC/SP, em Assistente de Direção.
“Durante minha trajetória já tive que “fingir” não ouvir alguns assédios. Percebo a diferença salarial entre profissionais do sexo feminino (geralmente inferior à de profissionais do sexo masculino, independente da qualificação). E ultimamente, por ser mulher, devido ao aumento da violência e criminalidade na cidade, sinto um certo medo em produzir em determinadas áreas, ditas como áreas vermelhas. Já ocorreu, durante uma gravação de nossa van ser apedrejada. Por questão de segurança, foi preciso suspender a gravação e retirar a equipe de qualquer situação de perigo.”
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