Na segunda edição do especial com as principais mulheres do mercado da comunicação manauara, o Mercadizar conversou com 10 jornalistas que contaram com exclusividade sobre suas carreiras e desafios na profissão.
Edilene Mafra
Sempre apaixonada pelos meios de comunicação, Edilene sempre quis atuar na área. Sua formação começou na área técnica, com um curso na Fundação Rede Amazônica, no final da década de 90. Após atuar como estagiária no Grupo Rede Amazônica, viu a necessidade de cursar uma faculdade, optando por um curso de Rádio e TV. Especialização em Comunicação Empresarial e Marketing, trabalhou como Produtora Executiva, migrou para o jornalismo e atuou como repórter, produtora, apresentadora, editora, coordenadora de reportagens. O rádio sempre foi sua paixão, atuando como repórter especial de ciência e tecnologia. Em 2007, voltou para a área acadêmica, dando aula na Uninorte, onde continua como Coordenadora de curso. Fez mestrado em Ciências da Comunicação e doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia.
“Acho que no começo, no início dos anos 2000, foi mais difícil. Eu entrei numa área dominada pelos homens, que era a produção de televisão e eu fui Produtora Executiva, cargo que comanda equipes, e eu tive um pouco de dificuldade em liderar homens. Então, eu passei por algumas situações e a alternativa que eu encontrei foi me preparar sempre muito bem para que ninguém colocasse meu trabalho em xeque. Eu sempre fiz viagens para conhecer o mercado de fora, fiz visitas em grandes veículos de comunicação do Brasil, sempre procurei ter um bom networking nessa área e estudei bastante. As pessoas passaram a me respeitar pelo profissionalismo e eu sempre procurava trazer inovações e estar segura do que eu fazia. Ser mulher na área da comunicação e ser mulher no mercado amazonense é estar quebrando paradigmas e estar sempre buscando a superação. A mulher tem esse lado mais sensível, ela tem a intuição, a sensibilidade pra saber lidar com os conflitos e com as pessoas. Então, eu entendi o valor das coisas e das pessoas e procurava estar sempre preparada para ajudar todos a se superarem também. Por ser líder de equipe, eu estava sempre atuando com pessoas para que tudo acontecesse, eu vi o quanto era importante fazer com que eles estivessem se superando todos os dias e sentindo felizes com suas conquistas. Acho que isso é ser mulher. É superar todos os desafios e crescer junto com as pessoas.”
Marcela Rosa
Marcela Rosa é jornalista, amazonense, fluente em inglês e espanhol. Contribuiu com dezenas de matérias para a CNN Internacional (em inglês) e CNN em Espanhol. Com mais de vinte e sete anos de experiência em televisão, é apresentadora, repórter e editora de texto. Começou a carreira já como repórter de TV em 1993, na RBN que de afiliada da Rede Manchete passava a ser parte de uma rede evangélica de comunicação. Em seguida, de 1994 a 2002, foi repórter da TV Amazonas, afiliada da TV Globo. E por 8 anos fez reportagens para os telejornais locais e para os telejornais da rede, como Jornal Nacional, Jornal Hoje e Jornal da Globo. Também atuou na TV Cultura de 2002 a 2005, onde apresentou o Roda Viva Amazonas. Já na TV A Crítica, em julho de 2005, foi repórter de rede do jornalístico SBT Brasil e em seguida apresentadora do Ponto Crítico. No ano de 2008, foi convidada a assumir a direção de jornalismo do mais novo canal de televisão de Manaus/AM, a TV Em Tempo, afiliada do SBT, onde ocupou o cargo até 2018 sendo também a apresentadora do principal telejornal da emissora, o Jornal Em Tempo. Além de ser professora universitária de edição e redação de textos para TV.
“Todos os dias enfrento um novo desafio. Tem sempre uma pergunta: ‘Você que escreveu isso? Não tem medo de mostrar sua opinião?’ ou ‘Você é tão frágil, não acho que vai aguentar esse desafio…’ e coisas do gênero, ainda mais no momento atual do Brasil. Mas a gente tira de letra. Na verdade, o poder feminino é algo que enlouquece os homens. A mente feminina é incrivelmente mais adaptável e muito “esperta” no bom sentido. A mobilidade e convencimento das mulheres são inatingíveis pelos homens. Eu acredito na liderança feminina e nas mulheres que jamais se deixarão comandar, humilhar ou ultrajar.”
Baby Rizzato
Em 2019, Baby Rizzato completa 50 anos de carreira. Ela iniciou a sua carreira ainda jovem, escrevendo o informativo do Instituto de Educação do Amazonas. Na TV, sua primeira experiência foi na TV Ajuricaba, em 1969, apresentando o programa “O Baile dos Debutantes”. Além disso, ela também apresentou outros programas como “Nosso Encontro” de 1972 a 2015.
“Separar o emocional do profissional é um grande desafio pra mim. Tenho que deixar a baby emotiva de lado, segurar a emoção e seguir com o trabalho.”
Márcia Lasmar
Profissional da Publicidade, Márcia começou no jornalismo em 2012, quando foi convidada para comandar o programa “Agora”, da TV Em Tempo, voltado para as comunidades.
“Você precisa ser mulher, ter suas convicções muito bem arraigadas, suas opiniões fortalecidas a cada dia com conhecimento e se posicionar no mercado, independente de ser jornalista ou não. Dentro do meu ofício, eu tenho a convicção de que eu influencio muitas outras mulheres. Então, ser jornalista dentro da TV Em Tempo e nesse século 21, no Amazonas, eu tenho a responsabilidade de evoluir e melhorar cada vez mais, por mim e pela influência que eu exerço sobre outras mulheres. Eu sou uma profissional que vim de um concurso de beleza, eu fui Rainha do Peladão com 16 anos de idade, então eu sempre deixei muito claro quem eu era. Eu nunca deixei ninguém confundir as coisas, eu sempre tive uma personalidade forte. Quando você se posiciona, as pessoas começam a te olhar de outra forma.”
Katiana Pontes
Katiana começou muito cedo no rádio, em sua cidade natal, Codajás-Amazonas. Tinha 16 anos e estava saindo do extinto curso de magistério. Depois, ela sua família se mudaram para o município de Manacapuru, região metropolitana de Manaus, onde continuou no rádio. Mas, dessa vez, era um algo maior, uma FM. Não tinha formação em rádio nenhuma, muito menos em TV. Em 2004, começou o curso profissionalizante em locução e apresentação na Fundação Rede Amazônica, em Manaus. No ano seguinte foi para a faculdade de jornalismo.
“Atuar no mercado da comunicação em Manaus tem sido uma honra e um privilégio grande. Nosso mercado passa por momentos difíceis, muita gente boa desempregada. Empresas reduzindo contratações e etc. Ser âncora de um programa com o segmento e nome do Brasil Urgente, conhecido nacionalmente pela competência do Datena, me trouxe uma responsabilidade enorme. Sou a primeira mulher que teve a oportunidade de apresentar o Brasil Urgente edição regional no País, através da Rede Bandeirantes. Foi e é desafiador! Afinal, poucas mulheres (talvez por serem vistas como sexo frágil ou algo assim) comandam programas de notícias com foco em polícia. Na Band Amazonas, a gente também teve liberdade e deu novos direcionamentos ao conteúdo: inserimos problemas da comunidade e prestação de serviço. É o que eu gosto também e me identifico! Talvez seja por isso que ganhei o título de “Diva da Comunidade”. Tenho muita coragem e determinação, mesmo sabendo que preconceitos sempre vão existir. Mas, como mulher, sei que avançamos muito, quebramos paradigmas. Nossa luta é diária e não deve parar!”
Ivânia Vieira
Jornalista, por formação e, no percurso de permanente formação, inclui como elementos valiosos seu amor por essa profissão. JORNALISTA. Um amor marcado pelo cuidado de aprender a olhar criticamente o que fez e o que faz como jornalista; de pensar sobre os erros cometidos e como aprender com eles; de voltar a examinar documentos importantes na história de luta das e dos jornalistas no mundo, no Brasil e no Amazonas para se situar diante dos desafios do presente.
A notícia-teste para seu ingresso no jornalismo, em 1977, foi feita à mão e referia-se ao tema “transporte coletivo de Manaus”. A essa época estudava Química na Escola Técnica Federal do Amazona (ETFAM, hoje IFAM) e, no início dos anos de 1980, ingressaria no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM, então Universidade do Amazonas). Aprovada na seleção para repórter, ingressou no primeiro e longo tempo de trabalho, no jornal A NOTÍCIA, do grupo Fink, onde exerceu os primeiros aprendizados práticos nas mais diferentes funções na reportagem, em cargos de editorias e como articulista. Foram dez anos nesse jornal, e nas publicações vinculadas ao grupo (Folha Popular e suplementos). Depois vieram outras experiências, como freela, para jornais e revistas nacionais; Jornal do Commercio; Amazonas em Tempo, Diário do Amazonas; e A CRÍTICA, onde permaneceu até meados de 2014, igualmente experimentando diferentes funções. Desde então, fez a opção pelo magistério integralmente, onde já se encontrava desde 2002, e, semanalmente, escreve um artigo para A CRÍTICA.
“As dificuldades, construídas a partir da profunda e secular atuação do patriarcado, estão presentes em todas as áreas, em maior ou menor grau. O jornalismo era uma profissão de homens e mulheres que neles ingressam perturbavam a ‘ordem’ estabelecida nas redações. Há, nesse contexto, uma arquitetura, ainda em vigor, determinando espaços de atuação, valores salariais, competências e habilidades. Às mulheres, nesse projeto, devem responder três vezes mais que os homens para furar bloqueios e ser recepcionada como jornalista competente.
Mudanças importantes estão acontecendo, fruto das lutas travadas nesses ambientes e em todo o mundo pelos coletivos feministas e de mulheres. As primeiras campanhas protagonizadas por mulheres jornalistas expõem histórias até pouco tempo silenciadas. É momento rico e determinante para os próximos passos que queremos dar e como o faremos. Ser profissional no campo da comunicação e ou do Jornalismo exige de nós, mulheres, malabarismos enormes para enfrentar os filtros discriminatórios, estereotipados e à cultura patriarcal. Estes estão em vigor e em plena atuação, quem os maneja tenta encaixar a competência da profissional em outros arranjos que já deveriam ter sido superados, mas o patriarcado está entranhado nas instituições e se mantém de pé. No geral, estamos enfrentando os obstáculos e, ao fazê-lo, também proporcionamos movimento de fricção que desacomoda um jeito enraizado de pensar e de agir cujo parâmetro é o mundo masculino e masculinizante.”
Elendrea Cavalcante
Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Centro Universitário Nilton Lins, Elendrea possui Pós-Graduação em Comunicação Empresarial e Marketing, pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte) e já atuou na Rede Calderaro de Comunicação, na TV Cultura do Amazonas e atualmente é SubSecretária de Comunicação da Prefeitura de Manaus.
“A mulher tem um aspecto sensível, um lado mais humano, um olhar diferente, eu creio que um olhar até mais aguçado para alguns assuntos. Nós somos “multi” por natureza, é muito mais fácil de a gente captar e ler tudo de diversas formas. Nós sabemos que é um mercado que evolui pra trás, que nós temos nos decepcionado um pouco e percebido que nós precisamos nos reinventar para permanecer nele. Quando você é mulher, tem esse peso de tentar se encaixar, se reinventar, mas tem também o lado da família e talvez essa cobrança seja um pouco maior, levando em conta o cenário atual. A reinvenção enquanto profissional, seja homem ou mulher, é a melhor solução.”
Nilza Vieira
Formada em jornalismo pelo Centro Universitário do Norte, Nilza é chefe de Redação da TV Em Tempo, mas também acumula experiências na TV Acrítica.
“Comecei a trabalhar aos 13 anos e fui doméstica por um bom tempo em casa de família. Com o tempo, eu fui achando que não ia conseguir ser ninguém na vida, mas eu tinha uma patroa que gostava muito de mim. A filha dela ia apresentar um programa de televisão e precisava de uma pessoa de confiança, foi quando ela me levou pra trabalhar com ela. Eu entrei sem saber de nada e com o tempo eu fui me interessando pela profissão, pela carreira e resolvi fazer a faculdade de jornalismo. Hoje eu estou há mais de 20 anos no mercado, fui telefonista, assistente de produção e produtora. Hoje eu estou bem realizada com a minha profissão, gosto muito de fazer o que eu faço que é ser chefe de redação e tomar conta de uma equipe.”
Jamile Alves
Jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e técnica em rádio e Televisão. Atuou como repórter e depois editora de um portal de notícias, apresentou a previsão do tempo em um telejornal e agora é editora do Portal Projeta.
“A rua não é receptiva com mulheres e isso não muda com um crachá escrito ‘repórter’, uma câmera no pescoço ou um microfone nas mãos. A impressão que eu tenho é que temos que fazer um esforço maior para que o nosso profissional seja visto além dos nossos corpos. Isso tem mudado, mas muda a passos lentos, sob assobios, julgamentos e palpites ‘inofensivos’ sobre sua roupa, seu corte de cabelo, seu peso ou qualquer outra coisa que não se encaixe no ‘padrão feminino ideal’.”
Cleo Pinheiro
Nascida no interior do Amazonas, Cléo veio para Manaus ainda pequena, onde se formou em Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Atualmente é apresentadora do jornal Bom Dia Amazônia, da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, onde trabalha há 23 anos.
“Pra mim, é uma satisfação ser atuante no mercado da comunicação manauara, mas também é um desafio muito grande, porque na nossa profissão, além de precisarmos nos empenhar, dedicar e ter muita vontade de fazer, temos outros desafios que ocorrem por conta das especificidades, das características da natureza do fazer jornalístico diário. É muito bom saber que, através da minha profissão, eu consigo alcançar outas mulheres para informá-las, falar dos direitos que elas têm e mostrar a força que elas têm, ainda mais no momento em que vivemos hoje.”
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