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Por que utilizar o termo indígena e não “índio”?

É muito comum ouvirmos alguém utilizar a palavra “índio” para se referir a uma pessoa dos povos originários. Porém, há alguns anos, esse termo se tornou pejorativo e a comunidade passou a questionar o uso, visto que o termo foi criado pelos colonizadores, reduzindo assim a pluralidade de muitas etnias.

Ao terem suas terras invadidas, identidades arrancadas entre outras coisas, os indígenas passaram a ser representados como selvagens ao lutarem para serem e viverem como escolheram desde o início.

Carregando resquícios de uma discriminação que ainda é fortemente presente na vivência indígena, entre muitas outras pautas, eles lutam pela necessidade de excluir do vocabulário das pessoas tais termos preconceituosos.

Para o estudante de administração Joel Guedes, da etnia Desana, do Alto do Rio Negro, os termos apenas reforçam e transpassam os preconceitos enraizados. “É errado pois é um termo que transmite o pensamento do tempo e das pessoas que deixaram esse ‘apelido’ lá na colonização. Os tempos mudam, os pensamentos mudam e a linguagem também precisa mudar”, afirma.

Outros exemplos de termos que se tornaram preconceituosos e deve-se deixar de usar são as palavras “tribo” e “aldeia”, pois retratam os povos originários como um só, retirando deles a pluralidade de comunidades, visto que cada etnia possui particularidades em seus ritos.

Para Joel, essas denominações servem apenas para inferiorizar a etnia da pessoa. Títulos que há muito tempo deveriam ter sido retirados de uso, já que na língua portuguesa, quando uma palavra perde o sentido ela é ressignificada. 

“Há falta de interesse das pessoas em incluir e dar voz as pessoas e as lideranças indígenas. Há um comodismo ao se referir ao indígena de forma genérica, pois debater o tema de forma mais elaborada requer um cuidado e respeito que muitas pessoas não têm”, afirma o estudante.

Por que o termo indígena é o correto?

Assim como já colocado no início do texto, o termo correto para tratamento é indígena, pois possui significado mais abrangente de forma respeitosa e não generalizada.

Como alternativas para fugir da generalização das diversidade das etnias brasileiras, a adoção do termo “indígena”, que significa “natural do lugar que se habita” ou “originário, aquele que está ali antes dos outros”, se encaixa com mais respeito pela pluralidade dos povos.

Com ela que se retrata com mais valor os primeiros que habitaram nosso país, o sujeito conectado com a natureza, sabido das histórias passadas e merecem o respeito adequado.

Ao perguntar a Joel se ele acredita que há meios para que os códigos culturais não sejam desvalorizados e os estereótipos em torno da população indígena fiquem no passado, o estudante respondeu que uma boa forma é a criação de oportunidades para indígenas acessem e tenham voz em cada vez mais espaços.

Um lugar importante para que isso seja tratado é a escola, muitas vezes uma das primeiras reprodutoras desse pensamento estereotipado da figura indígena. Obedecendo a um planejamento de diretorias educacionais maiores, os educadores abordam, em uma das poucas datas que dá visibilidade aos povos originários, alguns dos conteúdos mais antigos e generalizados sobre os indígenas.

Marcado no calendário brasileiro como Dia do Índio, o 19 de abril foi criado em 1940 para creditar as lutas da primeira população que sofre com o apagamento desde a invasão em 1500. Porém, a data acaba por reforçar a figura passada e clichê da existência indígenas e sua pluralidade ética.

Um bom uso para a data, ao invés de fantasias indígenas e pinturas em crianças, seria apresentar algumas das etnias e suas diferenças, distanciar a imagem igualitária de que todos os indígenas possuem pele marrom e cabelo, assim como o  uso celulares e tecnologias não os faz ser menos indígena.

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