A segunda edição do “Piano na Amazônia”, pelo Rio Amazonas, projeto idealizado pela artista Carla Ruaro, com o intuito de estabelecer conexões e trocas culturais com comunidades indígenas remotas, inicia em 23 de setembro.
O trajeto, que terá início em Santarém, passará por 15 cidades ribeirinhas que receberão a embarcação com o imponente instrumento – além das apresentações, o público local poderá participar de oficinas e sentir na prática o som de compositores da região amazônica. Ao final, no dia 18 de outubro, a expedição encerra de forma majestosa com um grande concerto no Teatro Amazonas, em Manaus.
O projeto parte de um sonho audacioso de Carla de levar um piano para comunidades remotas – muitas das quais nunca viram um piano antes.
“Desta vez seguimos viagem pelo rio Amazonas, levando novamente o piano para mais comunidades ribeirinhas, apresentando músicas de grande valor cultural de compositores dos estados do Pará e Amazonas, por onde o barco vai passar. Quero que o piano seja não só um instrumento musical, mas que também tenha um impacto de transformação na vida das pessoas, assim como foi com a minha. Acho relevante levar a arte produzida na Amazônia para comunidades remotas, tão importante fonte de inspiração para muitos compositores amazônidas”, afirma Carla.
A embarcação de dois andares, chamado Barco Regional, abrigará o piano, que será içado por uma grua, no convés superior. A expedição depende de algumas situações, como quando ocorrem chuvas, por exemplo, e precisam ser feitas adaptações de acordo com as condições climáticas.
Em 2017, a pianista Carla Ruaro liderou o projeto independente “Um Piano na Amazônia”, no qual ela e sua equipe transportaram um piano de cauda pelo rio Arapiuns, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará. O objetivo era oferecer oficinas e apresentações musicais para as comunidades ribeirinhas, promovendo a valorização cultural local. Ao longo da jornada, o projeto realizou mais de mil oficinas para crianças e concertos em várias comunidades, como Vila Franca, São Pedro e Alter do Chão.
O projeto, que incluiu uma pesquisa extensa sobre compositores contemporâneos da região amazônica, reforçou a imersão cultural ao conectar a música à vida das comunidades locais. Em 2018, o curta-metragem “Raízes – Um Piano na Amazônia“, que documenta a experiência, foi lançado e recebeu diversos prêmios em festivais no Brasil, Europa, Estados Unidos e Marrocos.
Carla Ruaro
Carla Ruaro, que começou a estudar piano aos seis anos e rapidamente dominou grandes composições clássicas, sentiu-se limitada pelo mundo da música tradicional, cuja prática muitas vezes envolve recriar o passado e se compara constantemente a apresentações anteriores. Insatisfeita, ela abandonou seu doutorado e embarcou em uma jornada inovadora chamada “Raízes”, na qual levou um piano de barco pelos rios da Amazônia. O projeto, que durou 40 dias e envolveu três pianos e três barcos, visou tirar o piano dos ambientes convencionais e explorar novas conexões musicais.
*O Mercadizar não se responsabiliza pelos comentários postados nas plataformas digitais. Qualquer comentário considerado ofensivo ou que falte com respeito a outras pessoas poderá ser retirado do ar sem prévio aviso.