Isabella Botelho e Tuane Silva; 17/05/2022 às 12:00

O futuro pertence aos avatares?

Além de estratégias de marketing, os avatares representam narrativas

Nos últimos anos, assistimos ao aparecimento dos avatares de influenciadores digitais e sua consolidação no mercado da comunicação como uma tendência que veio para ficar.

Primeiramente, precisamos entender o que são os avatares e sua relação com a comunicação. De maneira simples e direta, um avatar é uma representação digital de uma pessoa. Essa ferramenta pode estar disponível em redes sociais e jogos on-line, como o Bitmoji, do Snapchat, e o Memoji, do iOS, para serem utilizadas como representações virtuais dos usuários. 

Com o passar do tempo, os avatares foram introduzidos no marketing digital como uma estratégia para representar o público ideal de determinada marca ou empresa, com o objetivo principal de entendê-lo. De alguns anos para cá, essa estratégia evoluiu e os avatares tornaram-se também influenciadores digitais que representam estas marcas, como é o caso da Lu, da Magazine Luiza, a Nat, da Natura, e o CB, da Casas Bahia. 

Muito além de serem personas de grandes marcas ou personalidades, os avatares representam ainda narrativas, cumprindo um papel essencial também para a representatividade. A Nat da Natura, por exemplo, é uma mulher preta de cabelos crespos e fora dos padrões. Segundo a Natura, Nat precisava representar as consultoras da empresa, que são mulheres brasileiras de idades, estados e realidades de vida diferentes.

Dito isto, além da representatividade estar na imagem do avatar em si, ela também tem que estar presente na equipe de criação. Afinal, quem melhor para guiar esta criação do que pessoas que entendem do que estão falando?

No painel Avatares: os novos influenciadores, da Rio2C, Pedro Alvim, da Magazine Luiza, falou sobre a equipe que fica por trás da Lu, influenciadora da empresa, e a importância da diversidade na equipe de criação. “50% do time é LGBTQIA+ e 40% é de pessoas pretas. A gente tem metade das lideranças de mulheres por trás da Lu, e eu acho que isso é que nos ajudou a chegar em diferentes conversas, em tempo real e em diferentes bolhas, explica. 

A aceitação da Lu perante o público mostra que a estratégia deu frutos: Lu é uma referência de conteúdo nas redes sociais – ela inclusive ultrapassou a Barbie e se tornou a personalidade não real mais seguida no mundo, segundo o ranking da Humans.org, plataforma especializada no segmento. Hoje, é impossível pensar na Magazine Luiza sem associá-la à imagem de Lu. 

Os avatares também representam personalidades, como no caso da Satiko, lançada pela apresentadora brasileira Sabrina Sato. Atualmente com 30,3 mil seguidores, a avatar influenciadora digital já fez publicidade para a marca Renner. Já a Shud, que tem 232 mil seguidores e foi criada pelo fotógrafo Cameron-James Wilson, se autodenomina “primeira supermodelo digital do mundo” e faz publicidade para grandes marcas internacionais, como Miu Miu, Furla e Ferragamo. 

Os avatares também contribuem para a ampliação de mercado e o surgimento de novas profissões. Conforme aparecem novas demandas, é necessário ampliar as equipes, contratar novos profissionais e, sobretudo, buscar aperfeiçoamento. Por trás da criação de um avatar, por exemplo, existe uma equipe composta por diferentes profissionais, como stylists, assessor para contratos, desenvolvedores de avatares, entre outros. 

Prova disso é o surgimento até mesmo de agências de influenciadores virtuais, como é o caso da Biobots Tec. A startup foi a responsável por lançar a influenciadora Satiko e a proposta é levar ainda outras personalidades brasileiras ao metaverso. 

Falando nisso, é impossível pensar em avatares digitais sem mencionar o metaverso, que consiste numa realidade paralela num universo virtual onde será possível, por meio do uso de avatares digitais, realizar atividades normais do cotidiano, como dormir, tomar banho, trabalhar, interagir socialmente e até mesmo comprar. 

Diversos mercados já se programam para se integrar ao metaverso, entre eles o da moda. Em abril deste ano, aconteceu o primeiro Fashion Week no metaverso, e marcas como Forever 21, DKNY e Estée Lauder usaram o evento, em parte, para descobrir como potenciais consumidores irão realizar suas compras no metaverso. 

Você deve estar se perguntando: onde os avatares influenciadores se encaixam nessa história? Como acontece com os influenciadores digitais da vida real, as marcas também atrelam sua imagem a dos avatares influenciadores, e com a possibilidade de as pessoas criarem avatares, o mercado da moda enxerga outras possibilidades para o marketing de vendas, como a personalização de medidas dos avatares, o que contribuiria para a redução de devolução de roupas compradas on-line, por exemplo. 

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