Isabella Botelho; 13/05/2020 às 11:00

Fundo arrecada recursos para enfrentamento da Covid-19 na Bacia Amazônica

Os recursos arrecadados serão direcionados para subsídios de resposta rápida para prevenção e cuidados urgentes e imediatos

A pandemia de Covid-19 já afeta comunidades indígenas e tradicionais nas mais diversas áreas da Bacia Amazônica. Sem oferta de serviços básicos como assistência médica, infraestrutura e acesso à informação, essas populações historicamente vulneráveis à constante ameaça de extermínio físico e cultural agora enfrentam mais um desafio de sobrevivência. Em um esforço coletivo para combater essa situação, lideranças indígenas e sociedade civil dos nove países da região criaram o Fundo de Emergência da Amazônia.

(Divulgação/FAS)

O fundo é um trabalho colaborativo recém-criado em estreita coordenação com a COICA (Órgão de Coordenação dos Povos Indígenas da Bacia Amazônica) e suas nove organizações nacionais, além de parceiros e aliados em toda a Amazônia e em todo o mundo, para controlar a emergência sanitária da Covid-19.

Segundo a secretária executiva da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia) – que tem colaborado para apoiar e divulgar o fundo na região –, Carolina Ramírez Méndez, é preciso uma resposta rápida que ajude a conter o avanço do número de casos de indígenas infectados por coronavírus. A rede é secretariada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

“A SDSN Amazônia, como articuladora de soluções para o desenvolvimento sustentável da região, está apoiando o fundo e se solidariza com nossos irmãos indígenas de toda a Bacia Amazônica para que eles consigam subsídios de resposta rápida ao coronavírus e obtenham cuidados urgentes e imediatos, suprimentos médicos, comunicação, proteção e segurança, alimentos, kits de higiene básica, entre outros serviços que eles não possuem acesso. O fundo vai garantir que os recursos cheguem em comunidades indígenas que estão nas cidades, comunidades que se encontram perto de cidades com grande incidência de Covid-19 e também em comunidades remotas, que não têm acesso à informação sobre como enfrentar o coronavírus”, explica Ramírez.

O vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, tem reavivado, nos últimos meses, a memória histórica de epidemias que chegaram a dizimar aldeias inteiras. Por mais de 500 anos, os povos indígenas da Amazônia e das Américas têm enfrentado invasões e perda de seus territórios ancestrais, discriminação étnica e socioeconômica, e a constante ameaça de extermínio, o que resulta em desterramento, doenças e genocídio.

No Brasil, o número de indígenas contaminados pela Covid-19 já chega a 214 e foram registradas ao menos 16 mortes, sendo nove no distrito do Alto Solimões. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, atualizado no último sábado, 9.  

Já a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), através do site, que mostra dados levantados com a colaboração de diversas organizações indígenas regionais, aponta números mais trágicos que os oficiais: 55 mortos e 223 contaminados.

Como ajudar 

Para colaborar com o Fundo de Emergência da Amazônia e ajudar a proteger os povos indígenas e comunidades tradicionais que têm defendido a floresta com suas vidas, basta fazer uma doação através do site.

Os recursos arrecadados serão direcionados para subsídios de resposta rápida para prevenção e cuidados urgentes e imediatos; suprimentos médicos e alimentares; comunicações e evacuação de emergência; proteção e segurança para os guardiões da floresta; segurança alimentar e resiliência comunitária. O total de cada doação (100%) será destinado diretamente para as comunidades indígenas e tradicionais, e organizações que enfrentam a Covid-19 na Floresta Amazônica.

O fundo será fiscalizado pela Rainforest Foundation US Grant, ONG internacional que atua em prol da preservação da floresta tropical, defendendo os direitos dos povos indígenas que vivem nela. As decisões de governança serão executadas sob coordenação e comunicação de um Conselho Governamental, que inclui líderes indígenas da COICA e de suas organizações integrantes, representantes das ONGs participantes, além de doadores e consultores que formaram o Círculo Fundador da Solidariedade. Também será incluído um Círculo de Consultores, composto por organizações e indivíduos com histórico comprovado para orientar e apoiar estratégias eficazes de concessão de doações.

Fonte: Assessoria 

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