Na última segunda-feira (23), a Casa Amazônia realizou sua segunda edição em Nova York como parte da programação da Climate Week 2024.
O evento, que se destacou por sua curadoria voltada para a diversidade amazônica, teve como tema “Fazer Amazônida” e trouxe ao centro do debate as vozes de pessoas que vivem, trabalham e pesquisam a Amazônia, evidenciando a intersecção entre técnicas ancestrais e inovações contemporâneas na busca por soluções para a emergência climática.
Caroline Rocha, doutora em direito pela USP e uma das idealizadoras do evento, ressaltou a importância de apresentar uma Amazônia diversa e com múltiplos olhares.
“Muito do que se vê em painéis internacionais são falas desconexas da nossa realidade. Queremos que nossas vozes sejam ouvidas de forma autêntica e profunda”, afirmou.
A edição deste ano contou predominantemente com a participação de amazônidas, uma mudança significativa em relação a eventos globais anteriores sobre o tema.
A expectativa em torno da COP 30, que será sediada em Belém em 2025, também esteve em pauta. Segundo Rocha, é essencial que a visão dos amazônidas seja cada vez mais valorizada nos debates que antecedem a conferência. “A narrativa que buscamos construir é de protagonismo. Não somos vítimas, mas sim agentes do nosso próprio desenvolvimento”, completou a especialista, destacando a importância de colocar as perspectivas amazônicas no centro das discussões climáticas globais.
Além dos debates, a Casa Amazônia também exibiu a excelência de produtos da bioeconomia regional. A cooperativa Amazonbai, representada por Amiraldo Picanço, levou o açaí liofilizado, ressaltando como o desenvolvimento sustentável na cadeia produtiva do açaí está transformando as comunidades amazônicas.
“O que estamos fazendo é agregar valor e promover transformação social através de produtos sustentáveis”, explicou Picanço.
Outros exemplos de sucesso foram apresentados por iniciativas como a Manioca, de Joanna Martins, que trabalha com alimentos amazônicos, e a marca de cosméticos Darvore, liderada por Andrea Waichman, que utiliza ativos da biodiversidade local com alta tecnologia. Para Waichman, a bioeconomia amazônica é uma oportunidade concreta de desenvolvimento sustentável, unindo ancestralidade e inovação.
A Casa Amazônia, cofundada por Ana Claudia Costa e Célia Barbosa, reforçou o compromisso de criar espaços para discussões difíceis, mas necessárias sobre a região.
“A proposta do evento é justamente abordar questões complexas da Amazônia com a profundidade que elas merecem, dando protagonismo àqueles que têm vivência e conhecimento da região”, destacou Costa, encerrando o evento com uma mensagem de união entre tradição e modernidade.
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