A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) lançou nesta quarta-feira (25), durante a Semana do Clima em Nova York, o boletim “Amazônia à Beira do Colapso”, que revela os impactos da seca extrema na região amazônica.
O estudo destaca que 149 Terras Indígenas estão sendo afetadas pela crise hídrica, com 42 delas enfrentando escassez absoluta de água, além de aumento expressivo nos focos de calor e queimadas, agravando a situação ambiental na Amazônia. As lideranças indígenas presentes fizeram um apelo à comunidade internacional por ações urgentes para combater a crise climática.
A publicação “Amazônia à Beira do Colapso”, elaborada pela Gerência de Monitoramento Territorial Indígena (GEMTI) da Coiab, oferece um panorama alarmante da seca extrema que afeta a Amazônia Brasileira. O relatório aponta que, entre maio e julho de 2024, 149 Terras Indígenas enfrentaram condições de seca severa ou extrema, com 42 dessas áreas sofrendo com escassez absoluta de água. Além disso, o impacto da estiagem tem gerado grandes perdas de culturas agrícolas, pastagens e florestas, comprometendo o sustento de milhares de indígenas que vivem nesses territórios. Segundo a Coiab, a crise hídrica também está afetando diretamente 110 escolas e 40 unidades de saúde.
“Esses eventos climáticos extremos impactam diretamente os povos indígenas da Amazônia Brasileira. Ao mesmo tempo que os parentes são os primeiros a sentir os efeitos das mudanças climáticas, eles também são fundamentais para o combate a esses impactos. Vale destacar que as brigadas indígenas voluntárias e federais, equipes e grupos autônomos de proteção das TIs, têm sido linha de frente no combate aos incêndios e desmatamento dentro dos nossos territórios”, informa a gerente de Monitoramento Territorial Indígena da Coiab, Vanessa Apurinã.
O boletim traz dados preocupantes sobre as queimadas na Amazônia, com o aumento expressivo dos focos de calor e incêndios florestais. Somente em agosto de 2024, o fogo devastou 2,5 milhões de hectares, impulsionado pela seca extrema. Terras Indígenas no Mato Grosso, Pará e Tocantins lideram o ranking de áreas mais atingidas pelos focos de calor, que representaram 73% dos incêndios florestais registrados no Brasil em agosto.
As lideranças indígenas que participaram do lançamento do boletim em Nova York, incluindo Toya Manchineri e o cacique Raoni Metuktire, reforçaram a importância de demarcar e proteger os territórios indígenas como estratégia crucial para mitigar os efeitos da crise climática. Eles enfatizaram o papel dos povos indígenas na preservação da floresta e a necessidade de ações mais contundentes por parte do Estado brasileiro para enfrentar a emergência ambiental. O boletim completo está disponível no site da Coiab, na seção de documentos.
Para Toya Manchineri, isso demonstra a importância do fortalecimento da demarcação dos territórios indígenas como estratégia de adaptação e mitigação aos efeitos das mudanças climáticas.
“Garantir a proteção das Terras Indígenas é fundamental para aumentar a resistência climática não só da Amazônia, mas de todo o Brasil. Demarcar e proteger os territórios indígenas significa a manutenção da floresta, a conservação da biodiversidade e queda nos números de desmatamento. Precisamos de uma atuação mais firme do Estado brasileiro para combater a seca na Amazônia. Já passou da hora do Estado brasileiro reconhecer o papel dos povos indígenas como aliados contra a emergência climática”, afirma ela.
A publicação “Amazônia à Beira do Colapso – Boletim Trimestral da Seca Extrema nas Terras Indígenas da Amazônia Brasileira” pode ser acessada no site da COIAB, na aba “Documentos”.
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