A gestora ambiental Sineia do Vale, indígena do povo Wapichana, assumiu oficialmente a co-presidência do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima, conhecido como Caucus Indígena. Sineia, que representa os povos indígenas da América Latina e do Caribe, ocupou o cargo durante a reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP29), em Baku, Azerbaijão.
O Caucus Indígena é um espaço reservado para que lideranças indígenas alinhem suas posições sobre as pautas de negociação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Liderança indígena e autoridade climática, Sineia do Vale integra o povo Wapichana, das Terras Indígenas Raposa Serra do Sol e Serra da Lua, ao norte de Roraima, na fronteira do Brasil com a Guiana. Atualmente, é coordenadora do Comitê Indígena das Mudanças Climáticas (CIMC), co-presidente do Comitê Regional da Amazônia Brasileira para Parceria com Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da Força Tarefa de Governadores para Clima e Florestas (GCF-TF), além de coordenar o departamento de gestão territorial, ambiental e de mudanças climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que é parte da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Sineia do Vale, que participa do Caucus Indígena desde 2011, destacou a importância de sua nova posição, especialmente para representar os povos indígenas da América Latina, Caribe e Brasil:
“Quero trazer cada vez mais informações dentro dos temas discutidos na UNFCCC que dizem respeito aos povos indígenas, como mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, regulamentação dos processos de mercado de carbono, financiamento climático, além da questão das mulheres e jovens para trazer um melhor engajamento para a COP30 no Brasil”, afirmou.
Ela também reforçou a relevância da COP30, que ocorrerá em Belém em 2025, para a presença indígena:
“Nosso objetivo é trabalhar para ter representantes indígenas de todo o mundo e possamos dialogar com as diversas partes do mundo para que eles possam ter os seus representantes na COP, que será uma COP diferente, dentro da América Latina, na Amazônia”, completou.
Sineia é referência em estudos sobre os impactos da crise climática em comunidades indígenas e atua há mais de 30 anos na defesa ambiental. Entre as honrarias recebidas estão o título de “Cientista Indígena do Brasil” (Planetary Guardians, 2024), “Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença” (Embaixada dos EUA, 2022) e “Troféu Romy – Mulheres do Ano – 2023”. Em 2021, ela foi destaque internacional ao participar da Cúpula de Líderes sobre o Clima.
Sobre a Coiab
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) é a maior organização indígena regional do Brasil, com 35 anos de atuação na defesa dos direitos indígenas. A Coiab abrange nove estados da Amazônia Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e é composta por associações locais, federações regionais e organizações de mulheres e estudantes indígenas.
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