No ano em que o Brasil receberá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promove sua edição anual da Reunião Magna, principal evento da instituição, com foco na situação atual da Amazônia.
O encontro de 2025 dará ao público a oportunidade de conhecer os diferentes olhares da comunidade científica e dos povos tradicionais sobre ameaças que afetam o bioma. Com o tema “Amazônia já! Sem tempo a perder”, o evento acontecerá entre 6 e 8 de maio no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui.

Ao longo de três dias, a conferência reunirá cientistas brasileiros, de países amazônicos e internacionais, com destaque para a participação de pesquisadores indígenas e demais especialistas que vivem na Amazônia. O objetivo é debater os principais desafios enfrentados pelo bioma e caminhos para o futuro.
“Esta edição da Reunião Magna chega em um momento crucial e estratégico, às vésperas da COP30, destacando a importância da Amazônia para a qualidade de vida global. O evento destaca a urgência de entender profundamente o bioma Amazônico, reconhecendo que ‘a Amazônia que necessitamos é também a Amazônia que queremos: preservada, sustentável e cientificamente compreendida'”, afirma o pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e vice-presidente da ABC para a região Norte, Adalberto Val, que coordena o encontro.
A abertura do evento terá Thelma Krug, matemática, presidente do Comitê Diretor do Sistema de Observação Global do Clima e referência internacional sobre mudanças climáticas, além de integrante do comitê científico para a COP30. Por oito anos, Thelma foi vice-presidente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) e fez uma série de alertas sobre os impactos do aquecimento global na perda de biodiversidade do bioma.
Haverá ainda uma conferência magna do antropólogo e cientista ambiental Eduardo Brondízio, da Universidade de Indiana (EUA). Recentemente, ele foi agraciado com o Prêmio Tyler 2025, honraria considerada o “Nobel” do meio ambiente.
A reunião também terá conferências de William Laurance, professor da James Cook University (Austrália), referência em estudos sobre florestas tropicais e com mais de 30 anos de experiência sobre Amazônia, e Andrea Encalada, pesquisadora da Universidade San Francisco de Quito, no Equador e do Painel Científico para a Amazônia. Ildeu Moreira, físico e divulgador científico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abordará o centenário da visita de Albert Einstein ao Brasil e a preocupação do cientista em relação à preservação da Amazônia.
Helena Nader, presidente da ABC, destaca que essa é a primeira vez que a Reunião Magna será totalmente focada na situação da Amazônia, tema que já vinha sendo discutido em outros eventos na Academia.
“O tema é urgente, e a Amazônia clama por ação imediata. Cada dia de destruição que avança sobre a sua biodiversidade única ameaça também a sobrevivência dos povos originários e das comunidades tradicionais que protegem a Amazônia”, aponta Helena, que defende ações estratégicas. “O tempo está se esgotando, e só com medidas realmente decisivas vamos conseguir evitar essa catástrofe.”
Saúde, desafios urbanos e o futuro da Amazônia
A agenda terá ainda sessões que abordam diferentes temas vinculados ao bioma. Uma delas falará sobre Amazônia urbana e os principais desafios enfrentados pelas cidades amazônicas.
Coordenada pelo professor Saint-Clair Cordeiro da Trindade Jr. (UFPA), a discussão contará com a geógrafa Edna Maria Ramos de Castro (NAEA/UFPA), que estuda a urbanização na Região Norte; Gustavo Duran (Flacso, Equador), pesquisador em planejamento urbano e políticas públicas; e o arqueólogo Eduardo Góes Neves (USP/UFAM), com trabalhos sobre passado e futuro da ocupação humana na Amazônia.
Em outra sessão, o foco será a Amazônia no futuro, com discussão sobre os impactos das mudanças climáticas e outros pontos de alerta. Coordenada pela pesquisadora Ima Vieira (MPEG/UFPA), a sessão plenária terá a participação de Braulina Aurora (UnB), ativista indígena e pesquisadora das questões de gênero e território; Susanna Hecht (UCLA), referência internacional em estudos socioambientais sobre a Amazônia; e Bruno Malheiro (Unifesspa), arquiteto e urbanista com pesquisas sobre planejamento regional.
O líder indígena André Baniwa coordenará um painel sobre diversidade cultural na Amazônia. A sessão reunirá Auricélia Arapium (Conselho Indígena Tapajós Arapiuns), que atua com educação indígena; Ivo Cipio Aureliano (CIR), defensor dos direitos dos povos originários; e o antropólogo Ruben Oliven (UFRGS/ABC), com uma extensa trajetória em estudos culturais e diversidade.
Pela primeira vez, além das plenárias principais, membros afiliados da ABC também farão apresentações com foco em novas perspectivas sobre os temas abordados.
A programação traz ainda como destaques uma apresentação que une fotos de Sebastião Salgado ao som das Bachianas Brasileiras, série de Heitor Villa-Lobos, e a assinatura de um memorando de entendimento entre a ABC e a Academia Europeia de Ciências para cooperação internacional em pesquisa científica dedicada à Amazônia.
Ao final do evento, haverá uma sessão solene de diplomação dos novos membros da ABC e a entrega do prêmio Almirante Álvaro Alberto, principal láurea científica do Brasil. A cerimônia será restrita a acadêmicos e convidados.
Serviço
Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências
Data: 6, 7 e 8 de maio
Local: Museu do Amanhã. Praça Mauá, Centro, Rio de Janeiro
Horário: a partir de 8h30
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