Poliany Rodrigues; 07/10/2024 às 16:40

Mídias antigas estão de volta: geração Z é a responsável por popularização

O desejo por experiências físicas e autênticas está trazendo de volta mídias que marcaram gerações, como vinis, câmeras digitais e zines

Nos últimos anos, a cultura nostálgica tem ganhado força entre jovens da geração Z, que revivem mídias e tecnologias consideradas ultrapassadas. Câmeras digitais, vinis, zines, fitas cassete e outros dispositivos que marcaram a virada do milênio estão retornando à cena, impulsionados pela busca por autenticidade e o desejo de resgatar experiências “analógicas”. Essa tendência também desperta a atenção de influenciadores e marcas.

Arte: mercadizar

Câmeras Digitais

As câmeras digitais, que dominaram a fotografia no início dos anos 2000, estão ressurgindo, principalmente nas redes sociais. Jovens e celebridades têm deixado de lado os smartphones para capturar momentos com câmeras que oferecem uma estética pixelada e um ar nostálgico. A hashtag #digitalcamera já soma mais de 184 milhões de visualizações no TikTok, de acordo com o New York Times, revelando a popularidade desse movimento.

A nostalgia de ver os pais ou familiares usando essas câmeras, que marcaram o início da era das selfies, também alimenta esse “revival”. No eBay, as buscas por câmeras digitais aumentaram 10% entre 2021 e 2022, com modelos como a Nikon Coolpix apresentando um salto de até 90% nas pesquisas. No Brasil, a Tekpix, um dos modelos mais populares na época, ainda pode ser encontrada à venda por valores em torno de R$ 250.

Vinil

O vinil também retornou com força, especialmente entre os audiófilos que buscam uma experiência sonora mais rica e envolvente. Nos últimos anos, essa mídia tem se consolidado, impulsionada por grandes nomes da música que voltaram a valorizar o formato. Em 2024, a cantora Taylor Swift quebrou recordes com seu álbum “The Tortured Poets Department”, vendendo 859 mil cópias em vinil na primeira semana — a maior marca desde o retorno do formato à popularidade.

A preferência por discos de vinil se deve à qualidade sonora diferenciada, proporcionada pelos micro-sulcos que reproduzem uma gama de frequências mais amplas do que o áudio digital, além da experiência tátil e visual que envolve capas e encartes elaborados. Outra parte da experiência envolve “garimpar” vinis, ou seja, procurá-los em sebos e antiquários, às vezes rendendo achados de edições antigas não mais produzidas ou consideradas clássicas.

Os CDs também reconquistaram espaço entre os amantes de música. De acordo com publicação do jornal britânico The Guardian, as vendas de CDs aumentaram em 2023 pela primeira vez em duas décadas. “O valor de todas as vendas de música – incluindo gastos com streaming, vinil, CDs e downloads – aumentou 9,6% em 2023, atingindo £ 2,2 bilhões, apenas 0,08% abaixo do recorde de 22 anos antes, de acordo com a Digital Entertainment and Retail Association (ERA)”, afirma o jornal.

Câmeras Analógicas e Fitas Cassete

As câmeras analógicas, que haviam sido deixadas de lado, também voltaram a ganhar destaque. As famosas Lomos, com seus efeitos de sobreposição de frames, manchas e distorções de cores, se tornaram um sucesso. Para muitos, a emoção de não saber exatamente como a foto vai ficar até revelá-la é parte da diversão.

Outro exemplo são as fitas cassete, que viram suas vendas no Reino Unido atingirem o maior patamar desde 2004. Além da nostalgia, as fitas oferecem uma experiência mais tangível de ouvir música, diferente da fluidez e praticidade do streaming. Os audiófilos, especialmente os mais jovens, estão buscando recuperar a emoção e o “ritual” de ouvir álbuns completos em mídias físicas.

Zine e HQs

Os zines, pequenas publicações independentes que ganharam força nas décadas de 1970 e 1980, estão voltando a ser produzidos por artistas e coletivos que desejam explorar expressões alternativas. Feitos geralmente de maneira artesanal, os zines se destacam por abordar temas culturais, políticos, sociais e artísticos com uma estética experimental e única. Muitos criadores veem nessa mídia uma maneira de escapar da saturação digital e reconectar-se com leitores de forma mais tangível. Em eventos culturais e feiras independentes, os zines são frequentemente vendidos ou trocados, reafirmando a força do movimento “faça você mesmo” e sua importância na cena underground.

O mesmo pode ser dito das HQs, que, apesar da revolução digital, continuam atraindo uma base de fãs e colecionadores dedicados. Com o sucesso de adaptações cinematográficas e televisivas, os quadrinhos impressos mantêm seu charme para aqueles que apreciam o valor artístico e o toque físico do papel. As HQs, ou histórias em quadrinhos, além de serem uma poderosa forma de narrativa visual, se tornaram itens de colecionador, com edições especiais e limitadas atingindo altos valores no mercado. Em muitos casos, elas são vistas como obras de arte tanto por seu conteúdo narrativo quanto por sua estética, garantindo seu espaço em um cenário onde a nostalgia e a modernidade coabitam.

O retorno

O retorno dessas antigas mídias apontam que, embora a tecnologia avance rapidamente, o desejo por experiências mais simples e físicas ainda atrai público consumidor. Seja pela qualidade sonora de um vinil, pela surpresa de uma foto analógica ou pela estética única de um zine, as mídias do passado estão provando que nunca saíram de moda — elas apenas aguardavam o momento certo para retornar.

Quer encontrar essas mídias? 

Aqui estão alguns locais onde encontrar esses dispositivos:

Manaus (AM)

Império Sebo e Antiquário: Rua Luiz Antony, 731, Centro. Lá, você encontra toca-discos, agulhas e até digitalização de fitas VHS e LPs. (Seg-Sex 9h-12h, 14h-18h | Sáb 9h-14h). Instagram.

Sebo Edipoeira: Praça Heliodoro Balbi, Centro. Perfeito para garimpar livros, HQs, CDs, LPs e muito mais! (Seg-Sáb 10h-14h, 15h-18h). Instagram.

Sebo O Alienígena da Amazônia: Lima Bacuri, 64C, Centro. Além de vinis e quadrinhos, o espaço também realiza exposições culturais! (Seg-Sex 13h-17h | Sáb 9h-12h). Instagram. Instagram.

Sebo Art Vinil: Praça do Congresso, Centro. Explore discos nacionais e importados e livros de literatura! (Seg-Sex 7h30-16h30 | Sáb 08h-12h). Instagram.

Sebo Amazônia: Av. Djalma Batista, 1111, São Geraldo. Livros, vinis, CDs, DVDs… você encontra tudo por lá! (Seg-Sáb 09h-19h). Instagram.

Belém (PA)

Sebo e Cia: Av. Senador Lemos, 1431. Instagram.

Sebo Arquivo Cultural: Av. Pedro Mirante, 1076. (Seg-Sáb 7h30-19h | Dom 7h30-12h30). Instagram

Macapá (AP)

Sebo Literário: (96)98102-5348. Instagram.

Palmas (TO)

Sebo da Vovó: Av. JK – Galeria Mega Mix. (Ter-Sex 9h-17h | Sáb até às 13h). Instagram.

Porto  Velho (RO)

Sebo Magda Livros: Rua Salgado Filho, 2055. Bairro São Cristóvão. (Ter-Sáb 09h-17h30). Instagram.

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