Sofia Lourenço; 08/02/2025 às 10:00

Gavião Kyikatejê Futebol Clube lança campanha em busca de conscientização e patrocinadores

Primeiro time de futebol profissional composto por jogadores indígenas questiona expressão ‘time de índio’, em filme criado por coletivo de criativos

O Gavião Kyikatejê Futebol Clube, o primeiro time de futebol profissional do Brasil formado por jogadores indígenas, lançou uma iniciativa que visa o letramento da população brasileira e a atração de patrocinadores. A campanha foi criada por um grupo de publicitários brasileiros, que se uniu voluntariamente em prol do time e sua causa.

Imagem: Divulgação

Fundado em 2009, o Gavião Kyikatejê cumpre todas as normas da CBF para que seja considerado profissional, mas nunca teve patrocinadores oficiais. A iniciativa abre cotas de patrocínio e convida marcas a apoiarem o time por meio de ações de marketing esportivo. 

Imagem: Divulgação

“Estamos em busca de empresas dispostas a investir no time. Isso vai nos ajudar a melhorar a estrutura e a qualidade de vida dos atletas e da comunidade da aldeia Kyikatejê”, explica Zeca Gavião, o primeiro indígena brasileiro a concluir o curso superior em Futebol e presidente do time indígena. 

O coletivo se reuniu depois que um conhecido técnico de futebol da Série A se referiu aos indígenas de forma inapropriada para fazer uma alusão à desorganização de seu time em campo. A frase “não é um time de índios”, causou controvérsia e estampou manchetes de jornais.

Embora tenha se desculpado publicamente, a fala do técnico expôs um problema recorrente no discurso público: a falta de letramento em relação aos povos originários do Brasil.

Imagem: Divulgação

Os criativos Victor Toyofuku, Yohanna Ioshua e Henrique Louzada convidaram Thiago Balma, sócio-produtor executivo, e Luiz Whately, diretor de cena associado da produtora Balma Films, para desenvolver a campanha para promover o time indígena e questionar antigas ideias, levando o público a uma reflexão sobre o tratamento dado aos indígenas até hoje no Brasil. 

“O Gavião já fez história sozinho, com o próprio esforço. Contamos a história deles como uma homenagem e para impulsionar o time a voar ainda mais longe”, comenta Victor Toyofuku.

Para Thiago Balma, “o Gavião ter um time de atletas indígenas e não ter nenhum apoio institucional é um reflexo do quão distantes estamos do tema inclusão no futebol”.

Ao percorrer caminhos criativos, o grupo foi envolvendo outros parceiros para participar do projeto. Filmado em 16mm pela Balma Films, o filme ganhou cenas de animação produzidas pela Dirty Work e trilha produzida pela Bumblebeat. A finalização foi um trabalho da pós-produtora Cuadro Post. Todos os envolvidos atuaram de maneira pró-bono, ou seja, de maneira voluntária e sem remuneração.

Juntos, profissionais e produtoras buscaram a consultoria e o aval do cacique Zeca Gavião (Pepkrakte Jakukreikapiti Ronore Konxarti), líder da aldeia Kyikatejê e presidente do Gavião Kyikatejê Futebol Clube, para a realização do projeto.

Os diretores de animação, Faga Melo e Gustavo Leal, fizeram uma imersão na história da etnia Kyikatejê para contribuir com elementos que representassem a aldeia, suas simbologias e lendas – como a do próprio Gavião, que dá nome ao time. Com o intuito de aproximar o público da etnia, algumas cenas do filme foram pintadas à mão.

Imagem: Divulgação

“Ao criar uma narrativa paralela por meio da animação, buscamos adicionar uma camada mística que contrastasse com o documental das imagens captadas”, contextualiza Leal. “Contando sobre a lenda, fizemos a jornada do herói. Essa foi a forma que encontramos para transmitir a força desse time. Queremos que o espectador sinta a energia Kyikatejê para realmente compreender quem são esses atletas”, conclui Faga.

“Ao contarmos a história do Gavião Kyikatejê, damos visibilidade ao time e tratamos os povos originários com o devido respeito”, finaliza Luiz Whately, diretor de cena da Balma Films.

Ficha Técnica

O filme pode ser assistido através do Youtube:

Idealização: Victor Toyofuku

Direção: Luiz Whately

Criativos: Victor Toyofuku, Henrique Louzada, Yohannã Ioshua e Lucas Pimenta

Liderança indígena: Zeca Gavião

Consultora indígena: Karina Puri

Produtores Executivos: Thiago Balma e Niry Usha

Planejamento estratégico: Rafael Della Rosa

Head de produção: Juliana Sigolo

Assistente de produção: Marina Rohnik

Direção de Fotografia: Caio Humb

Assistente de Câmera: Daniel Oliveira

2ª Unidade de Câmera e foto still: Madson Kokinire

Coordenação de pós-produção: Felipe Andriolo

Composição: Francinaldo Lemos

3D e motion: Guilherme Mourão

Motion: Lucas Pimenta

Colorista: Acauan Pastore

Editor: Luiz Whately

Produtora de Animação: Dirty Work

Produtor Executivo: Ito Andery

Gerente de Contas: Larissa Virco

Direção: Gustavo Leal, Faga Melo

Direção de Produção: Jéssica Sales

Storyboard: Felms

Animatic: Jefferson Lima

Direção de Arte: Felms

Ilustração: Felms

Pinturas: Thiago Biazzoto, Gustavo Leal, Carol Guimarães

Tipografias: Gustavo Leal, Felms

Direção de Animação: Jefferson Lima

Animação Tradicional: Jefferson Lima, Felms, Robson Medeiros, João Maurício, Geovani Ângelo, Bruno Leal, Gustavo Pereira, Lucas Moraes

Cleanup: Julia Balthazar, Danilo Cheng, Alan Valentim, Ana Carolina Couto, Rafaela Gomes, Bruno Leal, Daiane Mateus

Composição: Caique Moretto, Pedro Fernandes e Christopher Rocha (oito:olhos)

Produtora de Som: Bumblebeat

Direção Musical: Lucas Sfair, Henrique Tanji

Coordenação de Produção: Luisa Hackett

Supervisão Musical: Equipe Bumblebeat

Produção Musical e Finalização: Equipe Bumblebeat

Sound Design: Pedro Osinski

Outros Créditos

Conteúdo: Ludmilla Florencio

Pôster: Felms

Fotografia Still: Edu Pimenta

Artista Digital: Moreira Studio

Resenha Digital: Giba Zurita

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